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Trechos do Livro Problemas do Futuro de Pietro Ubaldi

A verdade absoluta existe, mas o que muda é a nossa percepção dela, é o aspecto subjetivo daquele fato objetivo. Assim é que para cada plano evolutivo que atravessamos, achamos para nós uma verdade relativa diversa, dependente do nosso ponto de vista e da sua variação. Essas verdades relativas parecem contradizer-se; entretanto, completam-se. (.....) A verdade absoluta, total, completa, nos escapa. Ela está em Deus, não no homem. É a visão contemporânea de todos os pontos e posições ao longo da escala da ascensão. O homem situado no relativo não pode perceber mais que uma verdade particular e relativa, aproximada e progressiva, mas justamente por isso, em movimento e relacionada com a outra, que é absoluta e imóvel. O homem não pode, dessa forma, compreender, senão por sucessivas aproximações, a mesma única verdade que está somente em Deus. (....) Quem é sábio no plano da matéria, pode ser tolo no do espírito e ao contrário. Dessarte, um não-valor pode se tornar um valor máximo e ao contrário, segundo a altura evolutiva da qual é observado e o mundo ao qual ele se aplica. É assim que se explica a inversão evangélica dos valores. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Conhecer os porquês da vida, possuir a solução dos problemas, agir com ordem, em vez de ao acaso, orientado e não desorientado, representa uma posição de grande vantagem também para os fins práticos da defesa e da conquista. O involuído que se apoia na força não sabe que o pensamento é o maior poder, capaz de vencer a própria força. Esta é obtusa por si mesma, é um desencadeamento brutal sem rendimento, perdendo-se em erros e atritos. E a inteligência vence. O pensamento é criador e, pertencendo a planos mais altos, domina tudo o que lhe está abaixo porque, evolutivamente, inferior. O poder que procuramos com tanta fadiga na terra vem a nós espontâneamente assim que saibamos subir. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Sendo o espírito um organismo imponderável, a sua anatomia ainda nos foge. Podemos todavia sumariamente concebê-lo como uma unidade dinâmica radiante existente em uma dimensão superior à nossa de espaço e de tempo. Trata-se de um organismo de forças equilibradas e hierarquicamente coordenadas, segundo leis que podemos analogicamente deduzir do funcionamento dos outros infinitos organismos do universo, incluindo o físico humano. O ignoto pode sempre ser explorado, assumindo como segura hipótese de trabalho a indicada pelo princípio da analogia, porque o universo é unitário, regido por esquemas únicos reconduzíveis a um tipo central único que se repete em todas alturas evolutivas e em todas as formas e combinações possíveis. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O ser existe até onde alcançam seus meios de percepção. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Como o nosso Universo, o homem é formado de três elementos: matéria, energia e espírito. Como no Universo, reencontramos aqui uma trindade que é dualismo nos seus dois extremos, matéria e espírito que são os dois termos inversos complementares em luta no composto humano. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Qualquer pensamento nosso se escreve na estrutura do sistema dos nossos organismos conexos em corrente, gerando assim em cada plano posições munidas e potentes ou pontos fracos e, com isso predisposição a todo ataque (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Existe em mim, como nos meus semelhantes, um sistema de organismos conexos em cadeia, que vão do reino universal (sistema ósseo) ao reino vegetal (sistema vegetativo) ao reino animal (sistema muscular-nervoso) ao reino humano (sistema cerebral-psíquico) ao reino super-humano (sistema imponderável do espírito em dimensões hiper-espaciais) (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

No SATAPATHABRAHAMA está dito: Do desejo depende a natureza do homem. Conforme o seu desejo, tal será sua vontade: conforme sua vontade, tal será sua obra: conforme sua obra, tal será a existência que lhe diz respeito.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Tudo é espiritual antes de ser material. E o universal espírito de causa e efeito nos diz que tudo aparece por derivação e filiação. Compreende-se assim como Cristo, depois de ter curado os doentes, dissesse a um deles: Vai,não peques mais. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Matéria e Espírito são mundos comunicantes e conexos e tudo se escreve nos arquivos da alma, e o que está escrito deve, cedo ou tarde alcançar o corpo e aí manifestar-se. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O que somos é conseqüência do que havemos pensado. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A Filosofia se debate entre os dois escolhos do determinismo e do livre-arbítrio sem saber se decidir exclusivamente por nenhum dos dois. O Problema é solúvel somente tendo-se em conta que a evolução desloca a vida ao longo de vários PLANOS DE EXISTÊNCIA, e que há leis imperantes em cada um deles, pelas quais o determinismo próprio da matéria evolui na liberdade própria do espírito, e ao contrário. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Eis que em todo caso o livre-arbítrio, está fechado num determinismo macroscópico que aparece imediatamente logo que se suba das pequenas diferenças individuais até colher as características comuns que reunem em uma só lei todos os elementos componentes. Ela é a LEI DOS GRANDES NÚMEROS, própria da massa e não do indivíduo, revelada estatisticamente. Assim se explica como, sob o determinismo da velha Física Mecanicista Clássica, se esconde uma APARENTE livre desordem (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Entende-se que, em qualquer nível que uma unidade é indivídual diante da unidade coletiva superior, enquanto é coletiva diante da unidade indivídual do plano inferior.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A liberdade está sempre enquadrada no determinismo da unidade superior, e que é livre somente enquanto é elemento inferior componente de uma outra unidade superior que, relativamente ao inferior é sempre determinista. Assim em toda UNIFICAÇÃO se verifica uma reordenação determinista.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro).

Como o eletron é o elemento componente do átomo, este da molécula, este da célula, esta dos tecidos e estes do organismo, assim o PENSAMENTO de um INDIVÍDUO na Sociedade Humana é o elemento de um mais vasto PENSAMENTO COLETIVO. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro).

Uma observação macroscópica não nos daria senão os resultados deterministas da psicologia coletiva, enquanto uma microscópica nos daria aqueles livres da psicologia individual. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro).

Todo pensamento ou ato contém em si conforme a sua natureza, as suas consequências. Assim o efeito gira em torno de sua causa até que esta se exaure nele. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O universo é um organismo de estrutura harmônica constituído conforme um esquema unitário, pelo que o modelo fundamental, que o individualiza no seu conjunto, é repetido em todo particular, que assim é individualizado à semelhança do todo. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Quem compreendeu qual é a estrutura do universo, sabe que esse é constituído por esquema único, repetido em toda altura evolutiva e em todas suas dimensões. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A Ordem sempre vence. Qualquer que seja a força e maldade humana, a justiça triunfa; Satanás, o rebelde, está confinado no seu inferno. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Em toda unificação se verifica uma reordenação determinista. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Os fenômenos biológicos são rítmicos. A onda, segundo a qual a trajetória do seu desenvolvimento caminha, desenvolve-se por vértices e depressões, por máximos e mínimos de intensidade e, períodos de atividade e de repouso. Essa é uma lei de oscilação que já observamos no desenvolvimento e decadência das civilizações, no nascimento, juventude e senilidade-morte do indivíduo etc. Tratando-se de um sistema de forças equilibrado, há de haver proporção entre as duas fases que, se são opostas, são, também, complementares. É natural, enfim, que quanto maior é a altura atingida pelo vértice da onda, tanto maior é a profundidade da sua descida. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Para que o sistema de forças se possa formar, é necessário que os dois termos sejam reciprocamente proporcionais e qualitativamente afins, de outro modo o equilíbrio e a simbiose não se formam ou se desmancham. Por isto os povos têm os governos que merecem e ao contrário. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Se um sistema de forças é equilibrado como pode ele permitir o transformismo da evolução? Na realidade os dois impulsos opostos nunca se compensam exatamente e o equilíbrio jamais é perfeito. Nesse caso ter-se-ia a estagnação. O equilíbrio ao contrário é oscilante, donde nasce o movimento. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O que revela o homem, o que o dá a conhecer, não é o que ele diz, mas o que ele faz. É observando a sua verdadeira conduta que poderemos olhar atrás das cenas da comédia que ele representa na vida e ver a realidade. Não interessa, pois, escutar quais são as idéias professadas, mas observar o método com que elas são praticadas. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Saltar ao pescoço do vizinho para o despedaçar, crer somente nos exércitos e na bomba atômica, este é hoje o real modo de agir no mundo, esta é a hodierna psicologia dominante, que revela quão involuída é a nossa humanidade. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Quando se concebe a autoridade, não como função e missão, mas como vantagem pessoal ou meio de exploração, quando se usa a riqueza egoísticamente e não como serviço social, quando toda classe e todo povo baseia a sua posição sobre a conquista e o abuso e, não sobre o equilíbrio, então tudo torna-se agressão e depois destruição. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Nas suas definições o homem não define Deus, mas a si mesmo. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Diante da realidade, uma medição é coisa bem outra do que um fato simples e objetivo, mas é resultante de um processo de ações e reações entre fenômenos, meios de investigação, orgãos sensórios e psique do observador. Dessarte, a ciência progredindo acaba por ter que negar sua objetividade, devendo considerar cada observação como um fenômeno entre tantos outros, todos em relação de interferência. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O que vale, mais que a exatidão e verdade de uma idéia, é, muitas vezes sua fecundidade. Da absurda idéia de uma pedra filosofal para a transmutação dos metais em ouro, nasce a química; a procura do moto perpétuo fez descobrir os princípios da dinâmica. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A história da ciência é semelhante à história de todos os eventos humanos: acaba-se muitas vezes chegando a um lugar em que nunca se havia pensado. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Uma descoberta não cria coisa novas, tudo já existe, mas estabelece novas relações entre as coisas, dando-lhes novos significados. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

É um fato que a natureza não se opõe à geração dos fracos e doentes. Procura remediar os seus defeitos para salvá- los, reforçando-os como pode, mas não se opõe ao seu nascimento. Deixa assim vir ao mundo uma quantidade de infelizes, doentes da mente e do corpo. Ela os deixa lutar e sofrer. Por que? Se a finalidade principal da vida fosse a seleção do mais forte, nesses casos aquele desígnio seria completamente frustrado e a natureza seria a própria contradição. Entretanto, vemos quanto ela é sábia e benévola protetora. Por que os deixa, então, se debaterem na dor? Se, pois, a vida se comporta assim, dado que nunca age loucamente e não está acostumada a errar, isto significa que o seu objetivo é bem outro, que não é a seleção do mais forte, com o abandono dos outros. A natureza não é partidária e não abandona nunca ninguém. A finalidade é a formação da consciência, enriquecendo-a de todas as possíveis qualidades, através de todas as possíveis experiências. O insucesso do fraco e do doente, dos vencidos da vida, não pode então ser interpretado como uma derrota, mas sim, como uma útil posição de trabalho para a aquisição de preciosas qualidades novas, das quais o vencedor, ao contrário, dada a sua diversa posição, está excluído. A finalidade da vida não é, pois, senão em casos particulares, a da formação de um mais forte e prepotente. Nas grandes linhas a vida quer criar um ser sempre mais ativo, mais complexo, mais orgânico, mais sábio e tudo isto, mesmo através da fraqueza, da derrota, da dor. Eles não constituem por isto, uma falência e uma perda da vida, como crê o materialismo, mas uma das tantas vias de experimentação e um meio de conquista. Se não fosse assim, a vida, que é mesmo tão forte, sábia e boa, seria vencida, estulta e cruel no permitir a geração dos fracassados. Ela, ao contrário, não se opõe completamente e são muitos os que deixa nascer. Somos nós, portanto, que não compreendemos a natureza e não é a natureza que não alcança os seus fins. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A ciência pergunta se a função cria o órgão ou o órgão cria a função. Recordemos que o órgão é forma transitória, formada, sustentada e transformada continuamente pela função, que é a atividade na qual gradativamente se exprime o íntimo pensamento criador. O que é real na vida não é a forma, mas a trajetória do seu tornar-se. E neste tornar-se que o íntimo impulso do pensamento criador, em que o ser, com o desejo, repete em ponto menor o gesto de Deus, tenta o primeiro esboço do órgão. Cada ato, expressão daquele pensamento, vem logo experimentado pelas resistências do ambiente, é repetido se houver êxito, e com isto fixado e desenvolvido no crescimento do órgão, seu meio. Toda formação atual da vida não é senão repetição de atos iniciais, bem sucedidos, confirmados na prática, consolidados em órgãos estabilizados, que permanecem, até que não haja evolução ulterior para a formação de novos. Se assim é a função que cria o órgão, não se pode negar que seja depois o órgão que permite à função fixar-se e agir sobre ele para o transformar, aperfeiçoar e desenvolver até ao ponto de conseguir meio superior àquela forma e de utilizar-lhe o funcionamento para fazer uma nova para si. Então é de novo a função que cria um órgão sempre mais perfeito e assim em diante. Mas a este ponto ela não pôde chegar, se não porque pôde primeiro manifestar-se e agir por meio do órgão já formado. Dessa maneira, tudo está concatenado em continuação num lento transformismo, e os dois meios de expressão, o órgão e a função, se escoram reciprocamente para chegar ao mesmo fim de evoluir. Pois que toda função tende a formar um órgão sempre mais complexo e perfeito e todo órgão permite haja expressão de uma função sempre mais complexa e perfeita. Reciprocamente, causa e efeito, órgão e função, são como duas pernas sobre as quais caminha a evolução.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A evolução tem um ritmo, que não se pode forçar. Pode, assim, haver necessidade também de pausas e repouso, ainda de momentâneos retrocessos, para que a evolução não se torne destruição. Problema vasto e complexo o da ascensão espiritual, porque diz respeito a uma biologia na qual o imponderável psicológico e moral se torna força dominante. Certas concepções absolutistas de um ascetismo não iluminado podem, em vez de ajudar, causar dano ao processo evolutivo. Este representa uma maturação de todo o ser, por isto também do corpo que não deve ser inutilmente perseguido e esmagado como um inimigo, mas tratado como um aliado colaborador na árdua obra construtiva. Os dois pólos são comunicantes e cada impulso desconsiderado pode gerar reações prejudiciais. Nenhum dos dois extremos pode trabalhar sozinho, mas sempre em função do outro. Trata-se de uma sábia distribuição de trabalho. É necessário haver proporção e equilíbrio a cada passo, porque o desequilíbrio, que o transformismo implica, deve ser enquadrado no equilíbrio geral do sistema. É necessário saber dosar o esforço evolutivo em relação aos recursos dos quais a vida, no caso particular, dispõe. Que a ascensão seja uma metódica e consciente conquista e não uma louca aventura. Evoluir significa revolucionar os equilíbrios da vida, o que, se mal feito, pode resultar, em vez de progresso, em retrocesso. Para se fixar na alma é necessário haver mais perseverança e disciplina do que ímpetos precipitados e desordenados. É preciso ter em conta que a evolução espiritual não é somente um fato moral, mas que ele penetra todo o organismo, também o físico, com o qual precisa fazer as contas, e que o fenômeno se desenvolve entre duas biologias. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Os chefes que mais acreditam mandar, são mais que todos encarcerados no sistema e são obrigados a segui-lo sem possibilidade de evasão, até o fundo. Há na vida um lógica desapiedada, dada por um férreo concatenamento causal, que, iniciado, de qualquer ordem que ele seja, não deixa evasão possível, até às suas últimas conseqüências. E no fim da concatenação do atual sistema do involuído há uma proposição terrível também para ele: a destruição universal. Não se trata hoje de querer, aparentemente, redimir-se de uma série de erros e abusos que são de todos; assim as contas nunca são quitadas. Mas trata-se de mudar radicalmente o sistema, e todos desse sistema. Essa é a lei da nossa hora histórica. Quem não compreender, perecerá. (. . . .) É assim que a rainha Isabel da Inglaterra, ligada ao sistema do seu mundo é "obrigada" a fazer matar a sua real irmã Maria Stuart, e exclama: "Aut fer aut feri; ne feriare feri". (É preciso ferir para não ser ferido; se não ferires, serás ferido). Toda vida e posição é dominada pelo seu sistema Todo jogo tem as suas regras e com elas é preciso jogar até o fim. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

O presente uma vez tornado passado, não pode ser mudado nem mesmo por Deus. Ele é Lei e não capricho como o homem pode crer. Todo homem tem nas mãos esse material fluido do presente, que sempre escorre como um fio e pouco a pouco se vai solidificando. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A analogia, que é universal, nos diz que as relações entre Deus e universo devem ser semelhantes àquelas que correm entre alma e corpo, entre espírito e matéria. A alma é independente do corpo e pode assumir diversos corpos segundo o seu grau evolutivo. Aqui temos o aspecto transcendência em que o princípio é uma individualização separável da sua manifestação relativa. Mas, a alma é, ainda assim, estreitamente fundida e conatural no corpo, que, sem ela, se torna um cadáver, no corpo do qual ela dirige a formação, a troca, a evolução (a evolução orgânica não é senão a expressão externa da evolução do espírito). Aqui temos o aspecto imanência em que a causa está sempre presente e ativa no seu efeito. Transferimos o esquema unitário dualístico que rege a vida do homem para a dimensão máxima do semelhante esquema que rege a vida do universo. Deus é distinto do seu atual universo e se pode separar dessa sua manifestação para assumir inumeráveis outras. Deus é, ainda, alma que rege o atual universo, fundida nele, sempre aí presente e ativa com uma criação contínua que chamamos evolução. O princípio da imanência nos diz que se do universo tirarmos Deus, resta um cadáver. Mas, o princípio da transcendência nos diz que, se Deus se desliga do seu universo, isto é, da sua atual forma de manifestação, Ele pode, todavia, se expressar em infinitos outros universos. O universo atual não é senão uma das infinitas formas que o absoluto quis dar a si mesmo no relativo; Ele se pode libertar sempre dessa sua expressão no espaço e no tempo; o infinito é sempre senhor de romper os limites do finito em que ele se quis fechar. No entanto, ele se impôs esses limites; o relativo do universo atual é a sua causa e expressão; nesta, Deus é necessariamente imanente.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Os movimentos brownianos, descobertos em 1827 pelo botânico inglês Brown, são devidos, provou-se recentemente, à estrutura molecular da matéria pela qual as invisíveis moléculas de um líquido ou de um gás são as que chocando-se com as mais microscópicas partículas aí suspensas, lhes comunicam um movimento irregular. Este depende da distribuição assimétrica dos choques impressos por aquelas moléculas. Pode-se, assim, pouco a pouco, provar o caráter descontínuo de quantidades antes tidas como contínuas. Chegados, assim, a conceber a estrutura atômica da matéria, a física clássica pareceu ruir para dar lugar a uma física quantística ou estatística, em que dominam, não mais leis dinâmicas, mas leis estatísticas ou de probabilidade, não mais reguladoras de um caso particular, mas de inumeráveis processos particulares; leis que governam uma multidão de acontecimentos. em que o indivíduo desaparece. Desse modo a ciência superou a sua antiga interpretação mecanicista do mundo. Não mais propriedades que definem deterministicamente, mas probabilidades que regulam as variações no tempo, conforme leis estatísticas relativas a grandes agregações de indivíduos. O refinamento alcançado pela técnica experimental moderna permitiu descobrir esse mundo que, sem destruir o precedente conhecido, aparece novo porque está além dele, mais profundo no seu intimo. O que formava o objeto da física clássica não eram senão as mencionadas unidades-sínteses, das quais uma análise mais progressiva acabou por revelar a composição. Antes se havia tomado como princípio único e definitivo, irrevogável e absoluto, aquele que depois se revelou ser a resultante de inumeráveis irregularidades livres compensadas, de modo a revelar, não as características do caso singular, mas as dominantes na massa. Estamos na primeira fase de penetração analítica da unidade-síntese e, portanto, o caso individual não foi ainda alcançado como indivíduo. A observação na física usa hoje o método estatístico das coletividades, em cuja conformidade se calculam os valores médios prováveis, em vez daqueles exatos para cada momento ou partícula. Se tomarmos para exame o caso de um centímetro cúbico de ar, não poderemos calcular, conforme na velha dinâmica, a trajetória e os choques de cada um dos 25 trilhões de moléculas (oxigênio e azoto). Isto requereria enorme tempo, depois elas são tão pequenas, numerosas e em tão rápido movimento que semelhante exame é impossível. O número das moléculas contidas em um grama de hidrogênio é de 303 seguido de 23 cifras (303x1023). A massa de uma molécula de hidrogênio é de pequenez fantástica, isto é, em gramas: 0,000.000.000.000.000.000.000.000. 033 (33x10-27). Podemos agora observar as moléculas nas suas qualidades coletivas de unidades-sínteses, sem que necessitemos conhecer o comportamento de cada uma. Poderemos, assim, conhecer a pressão do gás, calculando a velocidade média de cada molécula e desta obter aquela pressão, isto é, o efeito-soma de todos os choques produzidos por estas moléculas contra as paredes do recipiente. E o cálculo que exprime, não o caso singular, mas o resultado coletivo, é exato, porque sobre cada centímetro quadrado de parede chega o choque de um tal número de moléculas (cerca de 200.000 trilhões de choques por segundo) que, na prática, resulta uma pressão constante, cuja grandeza depende do impulso médio de toda molécula. No grande numero, as irregularidades individuais desaparecem numa regularidade coletiva sobre a qual, justamente, se baseiam as leis descobertas pela física clássica.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Eis qual a substância que representa, conforme a ciência moderna, o elemento fundamental da realidade. O extremo corpúsculo material, qual o elétron, se dissolve em ondas, a substância fundamental, material de construção do edifício das coisas, é um puro campo eletromagnético, essas ondas não têm necessidade de se apoiarem em nenhum substrato material, sendo concebidas somente como modificações periódicas. A tudo isto não se sabe mais dar qualquer significado físico real, mas somente o lógico de representar a probabilidade matemática em que o elétron se encontre, naquele instante, naquele determinado ponto do espaço. A solidez do mundo físico é, pois, toda sensória, e se reduz a algo que está bem distante da realidade física, isto é, a uma probabilidade matemática. Eis em que se tornou a matéria por obra da mesma ciência materialista. A série estequiogenética nos mostra como a matéria foi decomposta em 92 elementos. Depois, foi decomposto o átomo, à guisa de sistema sideral, em partículas dotadas de carga elétrica. Agora também essas últimas quantidades da matéria são reduzidas a determinações formais de processos ondulatórios, de modo que da matéria não permaneceu senão uma forma matemática, isto é, simplesmente variações dos fenômenos sem que aí esteja qualquer coisa que exista e persista, por si mesma, fora delas. Não se pode admitir, de fato, uma substância absolutamente neutra, sem propriedades suas, as quais não poderiam deixar de influir sobre processos a ela relativos. De modo que por último a ciência da matéria se reduz a uma ciência de relações, a um puro processo lógico. Assim ela se encaminha a compreender como a última essência da matéria não seja senão uma abstração, um imponderável, um pensamento puro, o da mente diretriz do universo. Essa ciência se apresta a conceber como este puro pensamento haja podido criar, em Deus, como Sua expressão, o universo. (. . . .) É assim que o espírito tem verdadeiramente potência criadora no sentido que plasma organiza e mantém em vida na forma desejada quanto existe nos planos a ele inferiores. Mas isto não significa que o mundo tenha uma existência somente enquanto seja uma pura criação subjetiva do espírito individual. O mundo, já dissemos, tem uma existência objetiva, independente do sujeito pensante. Ora, como se conciliam essas opostas afirmações? O que existe é efeito do pensamento ou é independente dele? Mas sobre a terra não há somente o pensamento humano. Ele pode dirigir a sua vida para algum fim, mas não todas as vidas, às quais outros pensamentos presidem. Eis o mundo objetivo, independente do homem. Não é o pensamento humano a única força diretriz do planeta. Dessa potência criadora própria do espírito, pode-se, porém, deduzir quanto interfira um fenômeno a simples presença do observador que, embora, esteja em posição neutra de pensamento, será sempre ativo, será uma força capaz de influenciar o fenômeno. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Dada a estrutura hierárquica do universo, toda unidade é sempre coletiva, isto é, formada por menores unidades componentes coordenadas em organismo, de modo que a observação, toda vez que defronta uma individualização, acaba por decompô-la analiticamente nas menores unidades componentes. Toda unidade, pois, é sempre síntese, e é analiticamente decomponível em unidades menores, que por sua vez são sínteses maiores em face das unidades-sínteses menores, ao infinito de ambos os lados. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

A sabedoria que está em cada coisa existente é tão profunda que nela a nossa pequena inteligência se sente confundir. Basta pensar no que cada um de nós é, simplesmente, como organismo físico. Este, para o homem, se calcula composto de 10 mil quatrilhões de átomos, em uma colônia orgânica de 60 trilhões de células, que têm tarefas diversas, com funções especializadas e sincronizadas em perfeita coordenação hierárquica. Pense-se que uma célula-ovo é constituída de 8.640 quatrilhões de átomos, recolhidos em 1.728 trilhões de moléculas e que o menor organismo vivente é constituído, pelo menos, por 4 trilhões de moléculas. Que vertiginosa visão é, pois, a simples vida física, sem se cogitar da psíquica e espiritual! Pense-se que o átomo lá é um microcosmo, um sistema solar planetário, mas do diâmetro de cerca de um décimo milionésimo de milímetro, enquanto o núcleo e os elétrons oscilam entre cem bilionésimos e um trimilionésimo de milímetro. Para imaginar essas medidas, pense-se que o número dos átomos contidos em um grama de matéria resulta de cifra da décima à vigésima quarta potência, (1024 ) cifra vertiginosa que é igual à que exprime o número dos centímetros cúbicos de água contida em todos os oceanos. Somente um centímetro cúbico de hidrogênio contém 54 bilhões de átomos. E todo átomo é composto de um núcleo positivo em repouso ou rotativo sobre si mesmo, em torno do qual com uma velocidade de 30 km por segundo, se move uma miríade de elétrons de carga variada, de número diverso conforme cada único elemento. Ora, esse microcosmo não é senão o primeiro elemento do edifício molecular, que não é senão o primeiro do edifício celular, que não é senão o primeiro do edifício orgânico, que não é senão um caso único do edifício biológico. Sobre o plano físico, a mesma progressão hierarquicamente construtiva se estende do átomo à molécula, aos cristais ou cúmulos, às grandes estratificações geológicas, aos planetas, aos sistemas solares e galácticos, aos sistemas de sistemas galácticos. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Embora, por razões sensórias, a primeira realidade da matéria venha a ser considerada a mais verdadeira, perguntamo- nos a que ficaria reduzida a sociedade humana se houvesse supressão das realidades imateriais, do mundo moral e ideal onde estão o bem e o mal, o sentimento, a fé, o pensamento, a arte e a própria ciência, produtos que são de um outro mundo que, mesmo perdendo-se no imponderável, não se pode negar que se projete em manifestações bem sólidas e tangíveis também em nosso mundo material. Os símbolos, as bandeiras, as imagens, veneradas representações do imponderável, não são criações ou convenções arbitrárias, mas sinais e formas nas quais a maioria reconhece uma realidade interior, outro tanto verdadeira. Se o consenso não se houvesse formado antes em torno de uma substância interior, ele não seria possível depois em torno da forma exterior que a representa. Certas afirmações de fé coletiva não são artificiais; elas estão além de todo poder humano de criá-las e mantê-las e têm uma resistência que muitas vezes falta na realidade concreta. Podemos até perguntar-nos se não será mesmo essa realidade interior que está relegada entre as ilusões, a que plasma o mundo humano e, através desse, também o físico.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Cada um está fechado no próprio concebível, nas dimensões do próprio plano evolutivo, limitado pela própria forma mental, que lhe define a natureza. O que está além do próprio nível, o latente, não ainda desenvolvido, representa o nada. É a estrutura da nossa consciência que estabelece os confins do Eu. A verdadeira servidão é dada por esses limites, a verdadeira liberdade consiste somente em superá-los. Todo ser está fechado nos limites constituídos por seu próprio tipo biológico. É inútil abrir-lhe portas: se não está amadurecido, não sabe passar por elas. É inútil mostrar-lhe novos mundos: não tem olhos para vê- los. É inútil oferecer-lhe novo alimento: não sabe nutrir-se dele. É inútil dizer-lhe tudo nos livros: não os sabe ler. Ele está integralmente preso às experiências do seu plano. Até que tenha percorrido toda a estrada necessária, um passo depois do outro, não poderá chegar àquele dado grau de evolução, de liberdade e de potência. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Embaixo e acima do racional, há a intuição; embaixo, há aquela axiomática das premissas; no alto, há aquela sintético-conclusiva do gênio. Ela pertence ao segundo mundo, o do infinito, da consciência da Lei, do determinismo, do absoluto, de Deus.(P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

Em geral, todos, mais ou menos, possuem intuição, mas de um modo vago e sumário, sem a crítica e a precisão de um método. (P. Ubaldi - Problemas do Futuro)

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